Este conteúdo foi produzido pelo colunista Augusto Rocha, professor associado da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e diretor adjunto da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas
O Amazonas é tomado pela floresta e tem a indústria como sua principal atividade econômica. A Nova Indústria Brasil, para ser “forte, transformadora e sustentável” precisa seguir a fazer uso da força da Zona Franca de Manaus e das oportunidades que sua estrutura regulatória, de empresas, tecnológica e de pessoas possuem.
O Distrito Industrial de Manaus está em uma extensão relativamente pequena, que poderia abrigar um primeiro espaço nacional para tráfego de veículos autônomos em área urbana. A entrega de produtos em “just-in-time” (na hora da necessidade), em fábricas que adotam esta prática, como o transporte de gabinetes plásticos para produtores de televisores, que abastecem diretamente as linhas de produção.
Imaginemos se esta entrega fosse realizada inicialmente por veículos semiautônomos e depois por veículos completamente autônomos. Esta oportunidade precisa ser explorada, com as capacidades e recursos existentes na região. Algumas linhas de pesquisas & desenvolvimentos tecnológicos poderiam ser construídos para dotar o país desta tecnologia. Precisamos evoluir a perspectiva da inteligência artificial e dos sistemas integrados nos novos paradigmas tecnológicos, com fabricação nacional.
Nos anos 1990 as iniciativas dos sistemas da qualidade ISO 9000 foram transformadoras. Ampliar a presença da Indústria 4.0 em sistemas de transportes entre empresas pode trazer uma grande oportunidade de ampliação da competência tecnológica para estas fronteiras do conhecimento.
Os mais de R$ 300 bilhões aprovados pelo BNDES para o Plano Mais Produção precisam ser complementados com mais esforços científicos e tecnológicos locais, para não ficarmos como colônias tecnológicas de todas as plataformas de veículos autônomos, drones e nuvens para armazenamento de dados no futuro. As dependências digitais são gigantes e os erros da reserva de mercado devem ser internalizados, bem como os equívocos da abertura total, basta observar o que vem sendo feito nos países que possuem a liderança tecnológica, no ocidente ou no oriente.
As startups nacionais que lidam com as tecnologias autônomas precisam ganhar visibilidade e oportunidades de negócios para “decolarem”. A vitória será abocanhar capital nacional para construção de tecnologia brasileira no setor de transportes, seja de veículos no solo, sejam aeronaves não tripuladas.
Uma ação rápida poderia ser um ou mais Processos Produtivos Básicos, para atrair a produção local de drones e hardwares acessórios para veículos autônomos, onde podemos, pouco a pouco, transferir ou desenvolver tecnologia nacional para o comando e controle destes bólidos. Dispositivos de radar para veículos semiautônomos também precisam ter uma indústria nacional. São muitas as oportunidades dos novos paradigmas tecnológicos e ainda estamos fora desta corrida. Está na hora de enfrentar este assunto com uma Política Industrial adaptada ao futuro.
