Amazônia perde 3.610 km2 de floresta no primeiro semestre de 2021
Em junho de 2021 o desmatamento na Amazônia, identificado pelo sistema de monitoramento Deter/Inpe, totalizou 1.062 km2. A área desmatada no mês teve uma queda expressiva com relação a maio, porém apresentou valor acima da média para junho, que é apontado pelos especialistas como um mês com altos registros históricos.
Quando observamos os registros para todo o primeiro semestre de 2021 a alta no desmatamento fica ainda mais evidente. Foram 3.610 km2 de floresta perdidos de janeiro a junho, área mais de 50% maior que a média para o período.
Enquanto os números dão a dimensão do desmatamento na Amazônia e nos ajudam a acompanhar a dinâmica na região, os impactos da perda florestal têm ficado cada vez mais evidentes. Um estudo coordenado pela pesquisadora Luciana Gatti, do INPE, publicado esta semana na revista científica Nature mostrou que na região leste da Amazônia, onde se concentrou a maior parte do desmatamento ao longo dos anos, observou-se uma estação seca mais longa, quente e intensa. Nesta região foram registradas emissões de carbono até dez vezes maior do que na região oeste, porção mais preservada da Amazônia. Esta maior emissão se deve tanto ao aumento de fogo quanto por uma menor absorção de CO2 pela floresta.
Os cinco municípios com maior área desmatada no mês
Os municípios que mais desmataram no mês foram Altamira, São Felix do Xingu no Pará, Porto Velho, no norte de Rondônia e Lábrea e Humaitá no sul do Amazonas. Das cinco cidades que mais desmataram este mês apenas Humaitá aparece pela primeira vez no ranking. Conheça mais sobre estes municípios.
Disclaimer
Essas análises foram embasadas no Deter, o sistema de monitoramento e alerta de desmatamento e outras alterações da cobertura florestal na Amazônia, desenvolvido pelo Inpe para dar suporte à fiscalização, através do repasse diário dos dados mapeados para o Ibama e outros órgãos competentes. Esse sistema monitora vegetação com fisionomia florestal dentro da Amazônia Legal Brasileira, excluindo áreas previamente desmatadas. Portanto, não são contabilizadas as áreas que passaram por desmatamento no passado, estavam em processo de regeneração florestal e foram novamente desmatadas.
A identificação de alterações da cobertura florestal é feita por interpretação visual de especialistas, com área mínima próxima a 3 hectares. Para o público geral são disponibilizadas as áreas superiores a 6.25 hectares através do site: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/. A metodologia e as estatísticas de validação do Deter publicadas em artigo científico está disponível em:
https://doi.org/10.1109/JSTARS.2015.2437075.
Embora o Inpe enfatize que a finalidade do Deter seja a expedição de alertas para suportar a fiscalização e que os números oficiais do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira sejam fornecidos anualmente pelo Sistema Prodes, a divulgação do Deter tem permitido que a sociedade acompanhe mais de perto a dinâmica do desmatamento na região.