Em setembro os números do desmatamento na Amazônia seguiram estáveis em relação a agosto. São 985 quilômetros quadrados identificados pelo sistema Deter/Inpe em setembro, número também muito próximo da média histórica para o mês, que é de 852 quilômetros quadrados.
Os valores de incêndios florestais também ficaram abaixo da média histórica para o período. Foram 1.240 quilômetros quadrados de cicatrizes de incêndio na Amazônia, identificados pelo mesmo sistema. A média histórica é de 5.246 quilômetros quadrados, impulsionada principalmente pelos valores alarmantes de 2020.
O número de focos de incêndio, embora tenha apresentado uma queda de 40% em relação a agosto, permaneceu elevado. Foram 16.700 focos, sendo que 57% deles ocorreram em áreas recém desmatadas.
Desmatamento na Amazônia e o Brasil na COP26
Às vésperas da COP26, esses números ainda não são suficientes para melhorar a imagem do Brasil com relação à proteção da Amazônia. Ainda que o país tenha alterado a sua linha de base para acompanhamento da redução das emissões e com isso ficado mais próximo de atingir as metas assumidas no Acordo de Paris, o país experimentou elevadas taxas de desmatamento da Amazônia ao longo dos últimos anos.
O compromisso de zerar o desmatamento ilegal também é um compromisso que está distante de ser cumprido. Grande parte do desmatamento segue acontecendo em áreas de florestas públicas não destinadas, fato que os especialistas atribuem principalmente ao processo de grilagem. As terras Yanomami e Munduruku também tem sofrido com a invasão de suas terras por garimpeiros, processo ilegal e que coloca sob grande ameaça estes povos.
O Brasil espera com expectativa as definições da COP26, especialmente com a possibilidade da regulamentação do mercado de carbono e de investimentos que auxiliem o país na proteção da Floresta Amazônica. No entanto, para que possa colher bons frutos das negociações em Glasgow o país precisa conseguir reverter a imagem de fomento à destruição da floresta que vem sendo construída nos últimos anos.
Os cinco municípios com maior área desmatada no mês

O mês de setembro trouxe novidades em relação aos municípios que mais desmataram. Portel, no Pará e Candeias do Jamari, em Rondônia apareceram pela primeira vez nos destaques. Além deles, Lábrea (AM), Porto Velho (RO) e São Felix do Xingu (PA) completaram a lista. No entanto, o desmatamento nestes municípios compõe apenas 28% do total identificado no mês, estando o restante distribuídos principalmente nos municípios do Pará, Rondônia e sul do Amazonas.
Disclaimer
Essas análises foram embasadas no Deter, o sistema de monitoramento e alerta de desmatamento e outras alterações da cobertura florestal na Amazônia, desenvolvido pelo Inpe para dar suporte à fiscalização, através do repasse diário dos dados mapeados para o Ibama e outros órgãos competentes. Esse sistema monitora vegetação com fisionomia florestal dentro da Amazônia Legal Brasileira, excluindo áreas previamente desmatadas. Portanto, não são contabilizadas as áreas que passaram por desmatamento no passado, estavam em processo de regeneração florestal e foram novamente desmatadas.
A identificação de alterações da cobertura florestal é feita por interpretação visual de especialistas, com área mínima próxima a 3 hectares. Para o público geral são disponibilizadas as áreas superiores a 6.25 hectares através do site: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/. A metodologia e as estatísticas de validação do Deter publicadas em artigo científico está disponível em:
https://doi.org/10.1109/JSTARS.2015.2437075.
Embora o Inpe enfatize que a finalidade do Deter seja a expedição de alertas para suportar a fiscalização e que os números oficiais do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira sejam fornecidos anualmente pelo Sistema Prodes, a divulgação do Deter tem permitido que a sociedade acompanhe mais de perto a dinâmica do desmatamento na região.