O segundo semestre de 2022 começou com registros de desmatamento na Amazônia dentro da média para o mês de julho. Porém, além dos 1.476 km2 desmatados, foram registrados também 2.520 km2 de degradação florestal, que incluem incêndios florestais, corte seletivo de madeira e empobrecimento da cobertura florestal. Este volume de degradação florestal para este mês foi o maior registrado para julho nos últimos cinco anos.
Além do alto valor de degradação registrado no mês de julho, o maior dos últimos cinco anos para essa categoria, somam-se às preocupações o desmatamento acumulado no ano. O primeiro semestre de 2022 foi marcado por um desmatamento muito acima da média. Foram 3.987 km2 de floresta Amazônica destruída entre janeiro e junho de 2022, sendo que a média para o período é de 2520 km2.
Expectativas para a taxas anual de desmatamento
No mês de julho encerra-se o ano de referência do sistema de monitoramento Prodes. A taxa oficial de desmatamento, calculada por este sistema e publicada anualmente pelo Inpe, considera o desmatamento de agosto de um determinado ano a julho do ano seguinte. Sua divulgação ocorre geralmente em novembro de cada ano e sua metodologia é desenvolvida com o objetivo de calcular com precisão a área total desmatada.
O Deter, por outro lado, tem como objetivo identificar as localidades que estão sofrendo desmatamento, para subsidiar a fiscalização. Com finalidade e metodologia distintas, não é possível estabelecer com precisão a taxa de desmatamento usando o Deter. Ainda assim, a partir da soma das áreas identificadas pelo Deter é possível saber o que esperar da taxa anual de desmatamento. No ano passado, por exemplo, quando o desmatamento identificado pelo Deter somou 13.038 km2, a taxa de desmatamento calculada pelo Prodes foi de 8780 km2. Entre agosto de 2021 a julho de 2022 o desmatamento identificado pelo Deter somou de 8.590 km2, indicando que a área total desmatada no período ficará acima deste valor.
Onde este desmatamento está ocorrendo?
Em julho de 2021, 30% do desmatamento aconteceu nos municípios de Apuí, Lábrea e Novo Aripuanã, no sul do Amazonas, Altamira e São Felix do Xingu, no Pará.
Desses municípios, Apuí, Lábrea e Altamira, também estão entre os cinco municípios que mais desmataram ao longo de todo o primeiro semestre de 2021. Além deles, quando consideramos todo o ano de referência do Prodes (agosto de 2021 a julho de 2022), São Félix do Xingu também aparece entre os cinco municípios que mais desmataram.
Disclaimer
Essas análises foram embasadas no Deter, o sistema de monitoramento e alerta de desmatamento e outras alterações da cobertura florestal na Amazônia, desenvolvido pelo Inpe para dar suporte à fiscalização, através do repasse diário dos dados mapeados para o Ibama e outros órgãos competentes. Esse sistema monitora vegetação com fisionomia florestal dentro da Amazônia Legal Brasileira, excluindo áreas previamente desmatadas. Portanto, não são contabilizadas as áreas que passaram por desmatamento no passado, estavam em processo de regeneração florestal e foram novamente desmatadas.
A identificação de alterações da cobertura florestal é feita por interpretação visual de especialistas, com área mínima próxima a 3 hectares. Para o público geral são disponibilizadas as áreas superiores a 6.25 hectares através do site: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/. A metodologia e as estatísticas de validação do Deter publicadas em artigo científico está disponível em:
https://doi.org/10.1109/JSTARS.2015.2437075.
Embora o Inpe enfatize que a finalidade do Deter seja a expedição de alertas para suportar a fiscalização e que os números oficiais do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira sejam fornecidos anualmente pelo Sistema Prodes, a divulgação do Deter tem permitido que a sociedade acompanhe mais de perto a dinâmica do desmatamento na região.