O desmatamento em abril de 2022 alcançou 1.012,5 km2, segundo dados do Deter/Inpe. Além de ser o maior registro para o mês de abril em toda a série disponível do Deter/Inpe, também é o primeiro registro de desmatamento mensal acima de 1.000 km2 entre outubro e abril, considerando a mesma série.
De maneira geral existem tendências de maior ou menor intensidade de atividades que causam alterações na cobertura florestal na Amazônia ao longo do ano e nessa época os registros de desmatamento costumam ser menores, por se tratar de uma época de chuvas na maior parte da região. Isso se deve tanto a fatores externos, como a dificuldade de acesso, quanto a fatores inerentes ao próprio processo de desmate, como o frequente uso do fogo para a limpeza da área recém-desmatada. Além disso, a presença de nuvens nas imagens de satélite dificulta o monitoramento de algumas áreas, podendo contribuir para a diminuição na identificação de desmatamento durante o período chuvoso.
No entanto, os números estão preocupando agora, no final do período chuvoso: a área desmatada entre janeiro e abril de 2022 identificada pelo Deter/Inpe foi de 1.954 km2, mais que o dobro da média para o período, que é de 959 km2.
Onde este desmatamento está ocorrendo?
Segundo a Sala de Situação da Amazônia, sistema do Inpe que analisa o desmatamento identificado pelo Deter, as regiões mais afetadas foram o sul do Amazonas e o sudoeste do Pará. Estas áreas vêm se destacando continuamente, mostrando que apesar de todo o recurso de monitoramento empregado, que tem permitido identificar com maior eficiência as áreas desmatadas, as atividades de desmatamento continuam ocorrendo com grande intensidade, exigindo a evolução também das estratégias de fiscalização para proteger a floresta.
Os municípios com maior área desmatada identificada esse mês foram: Lábrea – AM (107 km2), Altamira – PA (94 km2), Apuí – AM (86 km2), Colniza – MT (74 km2) e Novo Progresso- PA (67 km2). Entre elas, chama a atenção o caso de Novo Progresso, onde 56,4% do desmatamento foi identificado em unidades de conservação.
Disclaimer
Essas análises foram embasadas no Deter, o sistema de monitoramento e alerta de desmatamento e outras alterações da cobertura florestal na Amazônia, desenvolvido pelo Inpe para dar suporte à fiscalização, através do repasse diário dos dados mapeados para o Ibama e outros órgãos competentes. Esse sistema monitora vegetação com fisionomia florestal dentro da Amazônia Legal Brasileira, excluindo áreas previamente desmatadas. Portanto, não são contabilizadas as áreas que passaram por desmatamento no passado, estavam em processo de regeneração florestal e foram novamente desmatadas.
A identificação de alterações da cobertura florestal é feita por interpretação visual de especialistas, com área mínima próxima a 3 hectares. Para o público geral são disponibilizadas as áreas superiores a 6.25 hectares através do site: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/. A metodologia e as estatísticas de validação do Deter publicadas em artigo científico está disponível em:
https://doi.org/10.1109/JSTARS.2015.2437075.
Embora o Inpe enfatize que a finalidade do Deter seja a expedição de alertas para suportar a fiscalização e que os números oficiais do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira sejam fornecidos anualmente pelo Sistema Prodes, a divulgação do Deter tem permitido que a sociedade acompanhe mais de perto a dinâmica do desmatamento na região.