Dados de desmatamento do primeiro trimestre seguiram a média histórica
Seja por pressões externas, efetividade das ações de comando e controle ou fatores associados ao próprio processo, os números de alertas de desmatamento na Amazônia emitidos pelo monitoramento Deter/Inpe nos dois primeiros meses do ano foram animadores. Mesmo com o aumento observado no mês de março, o desmatamento acumulado nos três primeiros meses do ano foi de 576 km2, valor 1km2 abaixo da média para o período entre os anos de 2016 e 2020.
Desmatamento em abril apresentou 70% de aumento em relação à média para o mês
O primeiro trimestre se foi e com ele o fim da Operação Verde Brasil, que teve como objetivo coibir ações ilegais e contou com a participação das Forças Armadas. O período chuvoso, que dificulta tanto o desmate quanto sua identificação pelos sistemas de monitoramento, também vai terminando. Abril chegou trazendo consigo um valor de área desmatada semelhante à soma de todo o primeiro trimestre. Foram 580 km2de mata perdida.
E se, por um lado, o aumento do desmatamento em abril em relação ao primeiro trimestre é um comportamento esperado, dada a diminuição das chuvas, por outro o total identificado foi o maior valor registrado para o mês desde 2016. São 70% de aumento em relação à média histórica para o mês de abril. Tal fato é alarmante e nos coloca novamente frente a necessidade de estabelecer novas estratégias de proteção da floresta e combate ao desmatamento ilegal, na esfera federal, estadual e municipal, para que os altos índices observados nos últimos anos possam ser evitados.
Os cinco municípios com maior área desmatada no mês
Os cinco municípios com maior área de desmatamento identificada no mês de abril também são conhecidos por já terem integrado nossa lista em meses anteriores. São eles: Altamira (PA), Apuí (AM), Novo Progresso (PA), Lábrea (AM) e São Felix do Xingu (PA), que juntos corresponderam a 43.7% do total desmatado em abril.
Disclaimer
Essas análises foram embasadas no Deter, o sistema de monitoramento e alerta de desmatamento e outras alterações da cobertura florestal na Amazônia, desenvolvido pelo Inpe para dar suporte à fiscalização, através do repasse diário dos dados mapeados para o Ibama e outros órgãos competentes. Esse sistema monitora vegetação com fisionomia florestal dentro da Amazônia Legal Brasileira, excluindo áreas previamente desmatadas. Portanto, não são contabilizadas as áreas que passaram por desmatamento no passado, estavam em processo de regeneração florestal e foram novamente desmatadas.
A identificação de alterações da cobertura florestal é feita por interpretação visual de especialistas, com área mínima próxima a 3 hectares. Para o público geral são disponibilizadas as áreas superiores a 6.25 hectares através do site: http://terrabrasilis.dpi.inpe.br/. A metodologia e as estatísticas de validação do Deter publicadas em artigo científico está disponível em:
https://doi.org/10.1109/JSTARS.2015.2437075.
Embora o Inpe enfatize que a finalidade do Deter seja a expedição de alertas para suportar a fiscalização e que os números oficiais do desmatamento na Amazônia Legal Brasileira sejam fornecidos anualmente pelo Sistema Prodes, a divulgação do Deter tem permitido que a sociedade acompanhe mais de perto a dinâmica do desmatamento na região.