A população mais vulnerável habita áreas com pouca infraestrutura, tem baixa renda e acesso limitado a serviços básicos de saúde, saneamento e educação.
Este conteúdo foi produzido pela colunista Dra. Janaína Guidolini, idealizadora da Accessible Science.
Por que isso importa: a vulnerabilidade da população frente às mudanças do clima exige estratégias eficientes de gestão e adaptação. Caso contrário, a população sofrerá com a falta de água, energia e alimentos.
As mudanças climáticas impactam diferentes regiões da Terra de maneira desigual e na Amazônia, os estudos climáticos indicam aumento da temperatura, mudanças nos padrões de chuva e aumento de dias secos.
Pesquisas mostram: A chuva na Amazônia diminuiu 1,8%. Houve mudanças nos padrões de chuva nas estações chuvosa e seca no sudeste da região amazônica.
30 municípios amazônicos necessitam de atenção urgente num cenário de mudanças climáticas devido às condições sociais, econômicas e demanda por água. São eles:
1. Paço do Lumiar
2. São Luís
3. Matinha
4. Bacurituba
5. Peri Mirim
6. Mirinzal
7. Serrano do Maranhão
8. Apicum Açu
9. Presidente Médice
10. Maracaçumé
11. Cândido Mendes
12. Paragominas
13. Nova Esperança do Piriá
14. Mãe do Rio
15. Irituia
16. Igarapé-Açu
17. Tracuateua
18. São João de Pirabas
19. Marapanim
20. Terra Alta
21. Benevides
22. Ananindeua
23. Santa Izabel do Pará
24. Santa Cruz do Arari
25. São Sebastião da Boa Vista
26. Santana
27. Porto Grande
28. Barcelos
29. Envira
30. Rodrigues Alves
Para ir mais fundo: Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Dra. Nathália Nascimento e colaboradores, analisaram anomalias projetadas para quatro variáveis climáticas:
1) Temperatura máxima
2) Quantidade total de chuva
3) Dias seguidos com chuva acima de 20 mm
4) Número de dias sem chuva
Além disso, analisaram dados sociais e econômicos – renda, saúde, emprego, rendimento. Ao todo, 212 municípios amazônicos foram considerados na pesquisa.
Os resultados da pesquisa são alarmantes:
1. Para o litoral dos estados do Maranhão, Pará e Amapá, e as capitais Belém do Pará e Macapá, espera-se até 20 dias sem chuva.
2. Para os municípios do centro do Amapá (Santana, Ferreira Gomes e Tartarugalzinho) e o arquipélago do Marajó (Curralinho), espera-se até 20 dias sem chuva e um aumento de temperatura (acima de 3°C).
3. Estima-se o aumento de temperatura para a região central do Amazonas, leste do estado do Acre, Manaus, Rio Branco, Rondônia e região central do Mato Grosso.
4. Para o oeste do Amazonas e Acre estima-se um aumento de três dias consecutivos de chuva com volume acima de 20 mm.
A disponibilidade de água, a geração de energia e a produção de alimentos estão ameaçadas com as mudanças do clima, e grande parte da população amazônica sofrerá as consequências se não forem implementadas ações efetivas.
Moral da história: Nenhum dos municípios estudados está preparado para o futuro climático projetado. A disponibilidade de água, a geração de energia e a produção de alimentos estão ameaçados com as mudanças do clima e grande parte da população amazônica sofrerá as consequências.
Possíveis soluções: Investimentos em infraestrutura (saúde, saneamento), programas de sensibilização e educação ambiental, bem como estratégias de gestão sustentável e adaptativa.
Referência
NASCIMENTO, Nathália e LÁZARO, Lira Luz Benites e AMARAL, Mateus Henrique. How can the water-energy-food nexus approach contribute to enhancing the resilience of Amazonian cities to climate change? Water-energy-food nexus and climate change in cities. Tradução . Cham: Springer, 2022. . . Acesso em: 31 jan. 2024.